Por Clevison Oliveira
22/07/2015
Sabe aquele arrepio... que a alma se acalma e ver que a vida
vale a pena?
Pois é. Senti novamente.
Era início de noite de uma
sexta-feira. Estava entediado, tinha acabado de chegar em casa e a fadiga do
dia inteiro de trabalho em frente a um computador me consumira a ponto de não
ter paciência nem para assistir a um bom filme. Então fiquei procurando algo físico
para fazer. Lembrei que meus filhos estavam fazendo aula de capoeira em uma
quadra de esporte perto da minha casa, não hesitei, peguei a minha lanterna, já
que para chegar ao local tem que passar por um longo espaço escuro e fui até
lá.
Ao chegar todos já acenaram me
cumprimentando. Senti-me melhor. Fiquei mais de meia hora observando o
professor ensinando o gingado e o toque dos instrumentos. Quase no fim da aula
todos pararam e o ritmo mudou a cadência que se misturou com os aplausos.
De repente o professor pega pelo
braço uma menina de aparência de uns treze anos, branca, magra, cabelos lisos e
meio despenteados, e traz para o meio da roda. Com tanto carinho ele mexe com a
garota que rir devagar, meio tímida olha para os lados e começa a gingar bem
sem jeito, quase não se mexe, mas os colegas não se importavam, faziam festa,
gritavam e aplaudiam. Parecia que aquele momento era o auge do evento. Ela
ficou no meio da roda um minuto, mas parecia ser uma hora, pois o ar que a
garota passou a todos ficou marcado com a reação de felicidade dos colegas. Aos
poucos fui percebendo que se tratava de uma menina de uns dezessete anos
ou mais que nasceu com problemas de
mobilidade, autista e que está se socializando com as aulas de capoeira.
Após terminar o show, a menina
que normalmente não interage com ninguém sai abraçando todos os colegas e
sobrou abraço até pra mim que estava na arquibancada da quadra. O arrepio que
alimenta a alma veio, a vida vale a pena. Quem nunca sentiu... que pena!